Crédito da Imagem: Laura Fuhrman on Unsplash

© Rubens Queiroz de Almeida

Se tem uma coisa que incomoda demais é o esquecimento. Pensamos em como a nossa vida seria melhor se conseguíssemos reter na memória todos os dados que aprendemos. Na verdade o esquecimento não é uma maldição, mas antes uma bênção. Todos passamos por momentos difíceis em nossas vidas, a perda dos entes queridos, dificuldades financeiras, ansiedades, frustrações. O tempo, e a consequente atenuação das lembranças, gradualmente diminuem o nosso sofrimento, e as más recordações se tornam indistintas e podem até desaparecer.

O livro A mulher que não consegue esquecer, de autoria de Jill Price, conta a história real de uma mulher que tinha uma memória perfeita. Ela conseguia se lembrar dos fatos mais insignificantes de sua vida com absoluta fidelidade. Em testes realizados com psicólogos não foi encontrada uma falha sequer em sua memória. Mas ela era uma pessoa infeliz. Tinha dificuldades de relacionamento com pessoas próximas, visto que ela sempre se recordava de suas interações exatamente como haviam acontecido. A tendência de romantizar o passado era uma impossibilidade para ela. E ela sofria muito com isto.

O que é uma memória e como se forma? As informações que gravamos em nossos cérebros são o resultado de conexões entre neurônios. A lembrança de tudo que acontece conosco ou das coisas que aprendemos são codificadas por meio da alteração das conexões entre os neurônios, as sinapses. Com o passar do tempo estas conexões se enfraquecem, e em consequência, estas memórias ou habilidades se perdem. Caso queiramos fortalecer uma habilidade ou uma informação, precisamos continuamente reforçar estas conexões até o ponto em que se tornem fortes o suficiente para serem inesquecíveis. Andar de bicicleta, falar com fluência um idioma, são exemplos destas habilidades que aprendemos e que com o reforço, se tornam praticamente uma segunda natureza.

As várias técnicas de memorização existentes, como a mnemotécnica, a visualização, o algoritmo de repetição espaçada, apenas para citar alguns, comprovam que todos nós temos a habilidade de reter informações. A questão é que temos que ser atentos às informações relevantes, que queremos transferir da memória de curto prazo para a memória de longo prazo, e adotar uma técnica para que isto ocorra.

A grande quantidade de informação para o aprendizado de praticamente qualquer habilidade acaba gerando um paradoxo. Temos muito material gratuito ao nosso alcance, mas aprendemos muito pouco. A ansiedade por ter tanta coisa ao alcance, faz com que nosso estudo seja superficial. Aprofundar em um assunto leva tempo, e preferimos ficar saltando de um material para outro, sem refletirmos sobre o que lemos. Este é o paradoxo, lemos muito, mas retemos muito pouco.

O aprendizado real apenas ocorre quando revisamos o que estudamos. No portal Aprendendo Inglês, todas as semanas eu trago um vídeo novo e uma história. Você pode pensar que é pouco, mas focar no estudo apenas destes materiais por uma semana, lendo, relendo, visualizando e praticando, fará com que você progrida muito mais do que se você ler material novo todos os dias. Em algumas atividades eu recomendo a memorização e visualização de apenas algumas frases. Veja as frases do texto, selecione uma construção verbal que você ainda tenha dificuldade e tente entender o seu uso. Memorize uma frase com esta construção verbal e crie situações diferentes, com palavras diferentes.

É difícil ficarmos restritos a uma quantidade pequena de material, quando um oceano de informação está a nossa disposição. Mas reter a informação requer tempo, prática, e revisão. Sem isto o material aprendido não se consolida e nosso cérebro, esta coisa maravilhosa, vai considerar a informação irrelevante e possivelmente apagá-la de nossas mentes.

Não precisamos de um cérebro que nunca esquece, precisamos apenas determinar qual informação desejamos reter e trabalhar para consolidá-la firmemente em nossas mentes.

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