Crédito da Imagem: Aaron Burden on Unsplash

© Rubens Queiroz de Almeida

Você conhece o princípio de Pareto, também conhecido como regra 80/20? Esta princípio estabelece que 80% dos efeitos resultam de 20% das causas. Já vi este princípio aplicado a praticamente tudo. 80% das vendas de uma empresa vêm de 20% dos clientes. Em uma empresa de atendimento, 80% do tempo é empregado para resolver 20% dos problemas, e assim por diante.

Mas como o princípio de Pareto pode ser usado no aprendizado de idiomas, mais especificamente na construção do vocabulário? Muito simples, antes de aprender qualquer palavra nova veja se esta palavra pode ser empregada em um contexto que ocorre com frequência em sua vida. Se você não cozinha, qual o sentido de aprender o vocabulário de utensílios de cozinha, comidas exóticas, verduras, etc. Você pode usar uma palavra como salad para indicar que você gosta de comer legumes e verduras. Pense um pouco, você sabe o nome de todos os legumes e verduras que existem? Provavelmente não, a não ser que você seja um master chef.

Outro exemplo é o meu livro As Palavras Mais Comuns da Língua Inglesa. Eu tive a ideia deste livro ao ver a dificuldade que alguns de meus colegas de trabalho tinham para lidar com a literatura técnica da área de informática. Fiz então uma pesquisa e descobri coisas surpreendentes. Conhecendo apenas 250 palavras eu consigo entender algo entre 70 a 80% de um texto técnico ou mesmo um texto mais simples. Apenas 250 palavras. Ou seja, se eu quisesse me habilitar a ler rapidamente textos em inglês, eu deveria me focar em conhecer as 250 palavras mais comuns da língua inglesa. O livro já tem quase 20 anos e ao longo deste tempo recebi inúmeros relatos de vários leitores agradecidos pela metodologia simples e rápida para aprender a ler em inglês.

Pensar que temos que conhecer milhares de palavras para adquirir a fluência é mais um daqueles mitos que atrapalham em muito o nosso aprendizado. Pensamos que precisamos conhecer todas as palavras, de todas as áreas, uma habilidade que não possuímos nem mesmo em nosso idioma nativo. Não é assim mesmo?

Uma regrinha simples é analisar as situações que você vivenciará e procurar o vocabulário que poderá lhe ajudar nestas situações. Por exemplo, você foi convidado para uma recepção. Quais são as palavras que você precisará conhecer? Você vai se apresentar, provavelmente lhe perguntarão algumas coisas sobre sua profissão, onde você vive, qual é o seu passatempo preferido, se é casado, se tem filhos, etc. Ao invés de aprender centenas de palavras, muitas das quais você nunca vai usar, o segredo é focar nas suas reais necessidades.

Alguns dias atrás eu recebi por email um infográfico listando 476 palavras que posso usar em substituição à palavra say. Você pode dizer coisas com raiva, tristeza, exagerar, mentir, falar muito, falar bobagem, falar alto, falar baixo, contar um segredo, perguntar coisas, concordar ou discordar de alguém, e para cada uma destas situações existe uma palavra mais adequada do que say, para transmitir o sentimento correto. É claro que isto é desejável, mas eu não preciso conhecer todas estas 476 palavras ou mesmo me esforçar para memorizar todas elas. Eu estudo inglês há mais de 40 anos e posso dizer que conheço quase todas estas palavras, mas uso apenas uma fração delas ao conversar com alguém em inglês (se você estiver curioso, clique aqui para acessar o infográfico).

Em resumo:

  1. Você não precisa aprender centenas de palavras para ver se um dia vai usá-las;
  2. Foque o seu aprendizado nas suas necessidades, no seu dia a dia, e em seus objetivos;
  3. Ninguém, nunca, conseguirá conhecer todas as palavras de um idioma, mesmo nosso idioma nativo, e isto é totalmente normal e aceitável.
  4. Desencane 😉

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