A Inteligência Artificial substituirá os professores de idiomas?

© Rubens Queiroz de Almeida

Os avanços da Inteligência Artificial (IA) que chegaram ao conhecimento do grande público em 2023 em praticamente todas as áreas são impressionantes.

Um dos pontos que tem sido bastante abordado é a questão da IA substituir profissionais de diversas áreas, como advocacia, medicina, engenharia, e muitas outras.

Será que a IA poderá tornar o ensino de idiomas por seres humanos irrelevante?

Certamente, por meio da IA, podemos criar praticamente qualquer material de apoio para o ensino de idiomas. Entretanto, o estudo da língua em si é apenas um aspecto do aprendizado de um idioma.

De certa forma, um ensino de idiomas baseado apenas em IA tem semelhanças com a forma como o inglês é ensinado hoje na maioria das instituições.

A taxa de desistência em cursos tradicionais de inglês é assustadora, em alguns casos superior a 90%. Mesmo com uma grande profusão de cursos de inglês dos mais variados tipos, apenas 1% da população brasileira é fluente em inglês.

A maioria dos métodos tradicionais foca apenas no idioma, não contempla aspectos emocionais, sociais, interpessoais e de julgamento, que são fundamentais para a obtenção do sucesso em qualquer atividade humana.

Em alguns casos a carga didática é tão grande que o professor não tem tempo de acompanhar de forma individualizada as necessidades de seus alunos.

Da mesma forma, no momento atual, a IA é incapaz de analisar as sutilezas do processo de aprendizado de um aluno, suas dúvidas e incertezas e de indicar caminhos para que o estudo seja mais eficiente.

A IA pode ser usada como uma ferramenta para complementar e enriquecer o ensino, oferecendo recursos personalizados e adaptativos que podem ajudar os alunos a aprender no seu próprio ritmo. No entanto, ela ainda não pode replicar todas as qualidades humanas de um professor, como empatia, compreensão das nuances emocionais e sociais dos alunos e capacidade de motivar e inspirar. Ou seja, em seu estágio atual de desenvolvimento a IA é um excelente complemento, mas ainda não é capaz de substituir um bom professor em todos os aspectos.

Um outro ponto a ser destacado é que o ensino de idiomas não consiste em um roteiro matemático e preciso. A IA ainda não é capaz de compreender os aspectos mais complexos e as nuances de uma língua, a orientação humana ainda é insubstituível.

Ao menos no curto e médio prazo é improvável que os professores sejam eliminados, é mais provável que seu papel evolua com a integração da tecnologia. Eles podem se tornar mais facilitadores de aprendizado, usando a tecnologia para fornecer experiências educacionais mais ricas e personalizadas.

Em resumo, embora a IA esteja se tornando uma ferramenta educacional mais poderosa e influente, é improvável que substitua completamente os professores de inglês ou de qualquer outra disciplina. Em vez disso, espera-se que ela atue como um complemento, mudando a maneira como os professores trabalham e potencialmente enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem.

Referências

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