© Rubens Queiroz de Almeida
Aprender inglês, como qualquer idioma, é uma jornada que exige tempo, dedicação e, acima de tudo, estratégias eficazes. Muitos estudantes, no entanto, acabam recorrendo a métodos de estudo que, embora populares, não são os mais eficientes. Felizmente, a pesquisa em psicologia cognitiva e educacional oferece insights valiosos sobre como otimizar o processo de aprendizado, combinando técnicas comprovadas com a consistência do estudo diário.
Um estudo abrangente de Dunlosky et al. (2013), intitulado “Improving Students’ Learning With Effective Learning Techniques,” avaliou a utilidade de diversas técnicas de estudo, classificando-as em termos de sua eficácia e generalização. Embora o estudo não se concentre exclusivamente no aprendizado de idiomas, suas conclusões têm implicações diretas para estudantes de inglês, ressaltando a importância de uma abordagem ativa e informada.
A Consistência Diária: A Chave para o Sucesso
Antes de mergulharmos nas técnicas específicas, é crucial enfatizar a importância do estudo diário. Assim como um atleta precisa treinar regularmente para manter a forma, o estudante de inglês precisa se dedicar ao idioma todos os dias para internalizar o vocabulário, a gramática e a pronúncia. Mesmo que seja por apenas 5 minutos, a exposição diária ao inglês ajuda a manter o aprendizado fresco na mente e a evitar a temida curva do esquecimento.
Técnicas Ineficazes e a Necessidade de Mudança
Assim como em outras áreas do conhecimento, algumas técnicas comuns de estudo de inglês mostram-se pouco eficazes quando analisadas sob a perspectiva da pesquisa.
- Releitura: Muitos estudantes de inglês acreditam que reler textos e anotações é a chave para a memorização. No entanto, Dunlosky et al. (2013) classificam a releitura como uma técnica de baixa utilidade, pois não promove uma retenção duradoura e pode não ser tão eficaz quanto outros métodos mais ativos.
- Sublinhar/Destacar: Destacar palavras e frases em textos em inglês é outra prática comum. Embora possa parecer útil para identificar informações importantes, o estudo de Dunlosky et al. (2013) sugere que essa técnica tem pouco ou nenhum benefício em relação à simples leitura. Além disso, destacar em excesso pode diluir o efeito das informações realmente relevantes.
- Mnemônicos de Palavras-Chave: Embora mnemônicos possam ser úteis para memorizar vocabulário, Dunlosky et al. (2013) apontam que essa técnica tem aplicabilidade limitada e pode não produzir retenção a longo prazo. No aprendizado de inglês, focar apenas em mnemônicos pode negligenciar aspectos importantes como a compreensão contextual e o uso prático das palavras, além de não necessariamente contribuir para a internalização da gramática de forma natural, como defendido por Krashen.
Gramática e a Abordagem de Krashen
A gramática é um aspecto fundamental do aprendizado de inglês, mas a forma como é estudada pode fazer toda a diferença. O linguista Steve Krashen, conhecido por sua “Teoria da Aquisição da Segunda Língua“, defende que a gramática é melhor aprendida de forma implícita, através da exposição a input compreensível (textos e áudios que o estudante consegue entender). Em outras palavras, em vez de decorar regras gramaticais, o estudante deve se concentrar em ler e ouvir inglês, permitindo que a gramática seja internalizada naturalmente.
Técnicas Altamente Eficazes para Estudantes de Inglês
Felizmente, algumas técnicas de estudo comprovadamente eficazes podem ser particularmente benéficas para estudantes de inglês, alinhando-se tanto com a pesquisa de Dunlosky et al. (2013) quanto com a abordagem de Krashen.
- Teste Prático (Retrieval Practice): Dunlosky et al. (2013) classificam o teste prático como uma técnica de alta utilidade. No aprendizado de inglês, isso se traduz em realizar quizzes, testes simulados e exercícios de gramática regularmente. O ato de tentar recuperar informações da memória fortalece a retenção e ajuda a identificar áreas que precisam de mais atenção.
- Prática Distribuída (Spaced Repetition): A prática distribuída, também classificada com alta utilidade por Dunlosky et al. (2013), envolve espaçar as sessões de estudo ao longo do tempo. Em vez de “cramming” todo o conteúdo na véspera da prova, é mais eficaz revisar o material em intervalos regulares. Para o aprendizado de inglês, isso significa revisar o material estudado em dias alternados, em vez de dedicar horas seguidas a um único tópico.
- Ferramentas para Repetição Espaçada: Aplicativos como o Anki, Memrise e Quizlet são excelentes para implementar a repetição espaçada no aprendizado. Esses aplicativos utilizam algoritmos que determinam o momento ideal para revisar cada item, maximizando a retenção a longo prazo.
- Prática Intercalada (Interleaved Practice): Embora Dunlosky et al. (2013) classifiquem a prática intercalada com utilidade moderada, essa técnica pode ser valiosa para estudantes de inglês. A prática intercalada envolve misturar diferentes tipos de atividades de estudo, como vocabulário, compreensão auditiva e leitura. Essa abordagem ajuda a desenvolver a capacidade de discriminar entre diferentes conceitos e aplicar o conhecimento de forma flexível.
Implementando Estratégias Eficazes no Aprendizado de Inglês
Para otimizar o aprendizado de inglês, é importante que os estudantes adotem uma abordagem ativa e baseada em evidências, combinada com a consistência do estudo diário e a busca por input compreensível. Isso significa:
- Priorizar o teste prático: Realizar quizzes e exercícios regularmente para verificar o conhecimento e identificar áreas de dificuldade.
- Espaçar as sessões de estudo: Revisar o material diariamente utilizando ferramentas como Anki, Memrise ou Quizlet.
- Intercalar diferentes tipos de atividades: Misturar vocabulário, compreensão auditiva e leitura para desenvolver uma compreensão abrangente do idioma.
- Buscar input compreensível: Expor-se a textos e áudios em inglês que sejam desafiadores, mas ainda compreensíveis, permitindo que a gramática seja internalizada naturalmente, como defendido por Krashen.
- Buscar feedback: Corrigir erros e buscar feedback de professores ou falantes nativos para aprimorar o aprendizado.
Ao abandonar técnicas ineficazes e adotar estratégias comprovadamente eficazes, combinadas com a consistência do estudo diário e a busca por input compreensível, os estudantes de inglês podem maximizar seus esforços e alcançar seus objetivos de aprendizado com mais eficiência.